O lançamento oficial do ANAMOLA, na cidade da Beira, superou todas as expectativas e deixou claro que há um movimento político em crescimento que já não pode ser ignorado.
Muitos pensavam que, se o evento fosse em Maputo, a adesão seria maior. Mas a Beira surpreendeu. Desde a viagem, os sinais eram evidentes. Em Lichinga, Nampula e Mocuba, jovens e adultos disputavam transporte apenas para estarem presentes no Conselho Nacional do novo partido, mesmo sem convites oficiais. Foram por conta própria, movidos pela convicção de que algo novo está a nascer.
Na entrada da cidade, grupos inteiros vindos de várias províncias pernoitaram na “Passagem de Nível”, aguardando pelo dia seguinte. Já de madrugada, milhares enchiam o espaço. A juventude marcou presença em peso: firme, animada, sem comida, sem camisetas, mas de pé durante longas horas, entre discursos, música e fogo-de-artifício.
O ambiente trouxe memórias das marchas de 2023 em Maputo, com o mesmo espírito de resistência e esperança. Durante o percurso do engenheiro Venâncio Mondlane até ao hotel, multidões esperavam por ele, obrigando-o a parar, saudar e discursar novamente, mesmo no escuro da noite.
Apesar da pouca propaganda — poucas bandeiras, poucos materiais — a força popular compensou. A agenda teve atrasos e dificuldades na gestão de tempo, mas nada disso impediu que a mensagem fosse clara: o ANAMOLA arrasta massas e, sobretudo, arrasta jovens.
Não se trata de entusiasmo passageiro. É um sintoma profundo de um país que busca alternativas e que já enxerga no novo partido um espaço de esperança. Para os partidos acomodados, é um sinal de alerta. Porque o ANAMOLA mostrou que já ocupa o lugar simbólico que o povo mais deseja hoje: o de devolver a esperança.