A nação dos Camarões encontra-se num impasse político de alta tensão após o candidato da oposição, Issa Tchiroma Bakary, ter reivindicado a vitória nas eleições presidenciais de 12 de outubro. Numa declaração ousada, Tchiroma instou o presidente Paul Biya, de 92 anos e no poder há mais de quatro décadas, a aceitar a derrota e a garantir uma transição pacífica.
“A nossa vitória é clara e deve ser respeitada”, afirmou Tchiroma num vídeo divulgado nas redes sociais, apelando diretamente a Biya para que “aceite a verdade das urnas” ou arrisque “mergulhar o país na turbulência”. A auto-proclamação de vitória surge antes do anúncio oficial dos resultados, que o Conselho Constitucional tem até 26 de outubro para divulgar.
A resposta do regime não se fez esperar. O partido no poder, Movimento Democrático Popular dos Camarões (CPDM), rejeitou categoricamente as alegações, acusando Tchiroma de tentar desestabilizar o país. Gregoire Owona, vice-secretário-geral do CPDM, afirmou que o opositor não venceu e não tem posse dos resultados.
O governo foi ainda mais longe, com o Ministro da Administração Territorial, Paul Atanga Nji, a classificar qualquer divulgação não oficial de resultados como um ato de “alta traição”, reforçando que apenas o Conselho Constitucional tem a prerrogativa de anunciar o vencedor.
Enquanto Tchiroma promete divulgar os resultados detalhados que alega possuir, a nação prende a respiração. Paul Biya, o presidente mais velho do mundo, governa os Camarões desde 1982, e esta eleição é vista como um dos maiores desafios ao seu longo e controverso reinado.