A comunidade de motoristas de aplicativo Yango em Maputo está em luto e em estado de choque após a morte de mais um colega, assassinado esta quarta-feira (15) durante o trabalho. O crime reacendeu a revolta da classe contra a gritante falta de segurança e o que consideram ser um total desamparo por parte da empresa e das entidades reguladoras.
O sentimento de indignação é unânime. "Os parceiros deveriam ser nossos porta-vozes, mas nada fazem. Estamos completamente desprotegidos", lamentou um condutor, visivelmente abalado. Os motoristas queixam-se de que a plataforma permite que qualquer cliente se cadastre sem uma verificação rigorosa de identidade, o que os deixa vulneráveis a assaltos e a ataques violentos.
As críticas à Yango são duras. "Mesmo quando há denúncias, a única acção que vemos é o bloqueio da conta do motorista. Nenhum suporte real é oferecido", denunciou outro profissional. A questão financeira agrava o cenário: com ganhos de cerca de 47 meticais por viagem, a classe questiona se a empresa irá, pelo menos, apoiar a família enlutada. "Será que a Yango vai indemnizar a família desse jovem? Pelo menos deveriam apoiar nas cerimónias fúnebres", desabafam.
As críticas estendem-se também ao Conselho Municipal de Maputo, que recentemente impôs uma taxa de 3 mil meticais pela licença de operação, uma medida que, segundo os motoristas, "agrava ainda mais as condições de trabalho" sem qualquer contrapartida em termos de segurança.
Enquanto se aguarda uma posição oficial da Yango, o medo domina a comunidade de condutores. "Colegas, estamos mal. Trabalhamos todos os dias sem saber se voltaremos para casa", concluiu um motorista, em lágrimas.
