Boicote na SADC: Chapo e Hichilema foram os únicos líderes na posse de Samia Suluhu

 


Mais uma vez, a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) mostrou sinais de divisão, ao boicotar a cerimónia de tomada de posse da Presidente reeleita da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan.


Realizada esta segunda-feira (3), em Dodoma, a cerimónia contou apenas com a presença de dois dos 16 Chefes de Estado e de Governo da região: Daniel Chapo, de Moçambique, e Hakainde Hichilema, da Zâmbia. Participaram também os Presidentes da Somália e do Burundi.


O boicote segue o mesmo padrão observado na posse de Daniel Chapo, em Janeiro deste ano, onde apenas compareceram Cyril Ramaphosa, da África do Sul, e Umaro Sissoco Embaló, da Guiné-Bissau. Até mesmo nas celebrações dos 50 anos da independência moçambicana, a presença estrangeira foi limitada a Samia Suluhu e Emmerson Mnangagwa, do Zimbabwe.


Esses episódios ocorrem num contexto de crescente desconfiança entre os países da região, após polémicas eleições em Moçambique e na Tanzânia, ambas marcadas por alegações de fraude, repressão e violência contra civis.


Em Moçambique, as eleições de 2024 resultaram na vitória contestada de Daniel Chapo, com protestos reprimidos violentamente, causando mais de 300 mortos entre Outubro de 2024 e Março de 2025. Já na Tanzânia, Samia Suluhu foi reeleita com 97,66% dos votos, após a exclusão dos principais opositores — Luhaga Mpina e Tundu Lissu, este último detido por alegada traição.


Apesar da elevada taxa de participação anunciada (87%), os resultados foram amplamente questionados pela oposição e observadores internacionais. A Missão de Observação Eleitoral da SADC classificou as eleições tanzanianas como não democráticas, denunciando detenções arbitrárias e intimidações sofridas por observadores.


A ausência de líderes regionais na posse de Samia Suluhu expõe, portanto, um cenário de fragilidade política e desunião dentro da SADC — um bloco que, em tempos, foi referência de solidariedade e cooperação.


Segundo Daniel Chapo, a presença moçambicana no evento foi motivada pelo respeito às históricas relações diplomáticas entre Moçambique e Tanzânia, que remontam à luta de libertação nacional. “Foi importante estarmos aqui em nome do povo moçambicano e reforçar a amizade entre os dois paí

ses”, afirmou.

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