Os barcos comprados no âmbito do escândalo das “dívidas ocultas” continuam atracados, sem qualquer utilidade prática, e em estado avançado de degradação. Anos após a revelação do escândalo que abalou Moçambique e atraiu atenção internacional, as embarcações permanecem como símbolos enferrujados de uma promessa falhada.
Estacionadas em portos como o de Maputo e outros pontos costeiros, as embarcações — que deveriam ser utilizadas para reforçar a segurança marítima e impulsionar a economia azul — nunca chegaram a cumprir o propósito para o qual foram adquiridas. Visitantes e trabalhadores portuários testemunham diariamente o abandono: cascos corroídos pela ferrugem, pintura descascada e equipamentos a céu aberto, expostos ao desgaste do tempo.
A compra dos barcos esteve no centro de um dos maiores escândalos financeiros do país, envolvendo empréstimos escondidos ao público e aos parceiros internacionais, no valor de mais de dois mil milhões de dólares. Parte desse montante foi canalizado para empresas estatais recém-criadas, incluindo a ProIndicus e a EMATUM, que prometeram revolucionar a vigilância costeira e a indústria pesqueira nacional.
Enquanto isso, os moçambicanos observam impotentes a lenta destruição de um investimento que jamais lhes trouxe benefícios, mas cujos custos continuam a ser pagos pela população.
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