Se pousar em Maputo já é caro, estacionar no Aeroporto Internacional parece seguir o mesmo rumo – com preços que estão a causar indignação entre os utentes. Um simples cartaz azul, recém-instalado à entrada da zona de embarque, escancara o custo elevado do estacionamento: 25 meticais por hora, 600 por dia e uma multa de 500 meticais por perda do cartão.
A indignação cresce não só pelo valor, mas pela comparação com o nível de serviço prestado. O parque de estacionamento, apesar de funcional, apresenta falhas básicas: ausência de cobertura, sinalização insuficiente, poucas opções de pagamento eletrônico e um sistema de entrada/saída que frequentemente atrasa os condutores. “Pagar 600 meticais por dia para deixar o carro ao sol e sem segurança reforçada é um exagero”, reclama Júlio M., um utente frequente do terminal.
A penalização de 500 meticais por perda do cartão de estacionamento também levanta questionamentos.
“É quase o mesmo preço do estacionamento por um dia inteiro. Isso não é taxa, é penalidade abusiva”, afirma uma passageira que preferiu não se identificar.
Além disso, o pagamento apenas dentro do terminal pode ser um transtorno para quem está com pressa ou com mobilidade reduzida. Embora o cartaz mencione carteiras móveis, muitos usuários relatam dificuldade em acessar esse meio de pagamento, apontando a falta de clareza nas instruções ou limitações técnicas.
Especialistas em mobilidade urbana destacam que tarifas devem ser proporcionais à qualidade e condições oferecidas.
“Cidades com sistemas de estacionamento mais avançados oferecem melhor infraestrutura por valores semelhantes ou até inferiores”, comenta um urbanista moçambicano.
Com os custos elevados e as condições duvidosas, a impressão que fica é a de que o Aeroporto Internacional de Maputo cobra como aeroporto de primeiro mundo, mas entrega um serviço ainda preso ao chão. A pressão pública cresce para uma revisão urgente dessas tarifas, para que estacionar não se torne mais caro do que voar.
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