O político revelou que, antes mesmo de comunicar oficialmente seu regresso ao partido, reuniu-se com membros distritais em Nacala. Segundo ele, a principal condição apresentada pelos militantes para o seu retorno era clara: a saída de Ossufo Momade da liderança. “Expliquei que essa decisão deve ser tomada coletivamente e dentro das estruturas formais do partido”, afirmou Novinte, reconhecendo o desafio que enfrenta.
Apesar de ainda não ter informado diretamente Momade sobre essa exigência, Novinte acredita que o presidente já tem consciência da pressão interna. O cancelamento do Conselho Nacional, que havia sido convocado, é visto por ele como um possível sinal de que o líder estaria disposto a ceder o cargo.
Para Novinte, a RENAMO ainda possui um capital político importante. “É o partido mais estruturado depois da FRELIMO, em termos de imagem e infraestrutura. Com uma liderança renovada e valorização dos seus quadros, pode recuperar protagonismo em menos de três meses”, defendeu. Ele citou nomes como Manuel Bissopo, André Magibiri, Manuel de Araújo, Elias Dhlakama, Alfredo Magumisse e Ivone Soares como possíveis líderes capazes de revitalizar a organização.
No entanto, especialistas alertam que o retorno de Novinte, por si só, está longe de ser suficiente para resolver os problemas da RENAMO. O analista político e diretor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Lúrio, Wilson Nicaquela, entende que o partido precisa de mais do que reconciliações simbólicas.
“O regresso de Novinte não representa uma reviravolta. É comum naquela região os políticos afastarem-se temporariamente e depois regressarem. Mas o problema é estrutural”, afirmou.
Nicaquela é categórico ao apontar a liderança de Ossufo Momade como um entrave. “Enquanto ele não perceber que já não corresponde às exigências do momento político do país, a RENAMO continuará irrelevante, um partido apenas nominal e cada vez mais afastado do centro do debate político”, avaliou.
Segundo o analista, os poucos assentos parlamentares conquistados nas últimas eleições foram resultado de alianças estratégicas, e não de força própria do partido. “Sem reformas profundas, a RENAMO corre o risco de desaparecer como força política significativa”, concluiu.
Fonte DW ÁFRICA
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