A Renamo está, desde as eleições de 9 de Outubro do ano passado, em convulsões internas. Tudo porque teve os piores resultados na história da democracia moçambicana. Além de perder, mais uma vez, as eleições, no sufrágio, ficou, pela primeira vez, em terceiro lugar.
Com esta classificação final, a “perdiz” cedeu o lugar de segundo partido mais votado ao PODEMOS e, por via disso, o presidente da Renamo, Ossufo Momade, deixa de ser o lÃder da oposição, posto que lhe conferia um conjunto de regalias.
Com as funções que desempenhava, tinha direito a um gabinete de trabalho, dinheiro (mais de 70 milhões de meticais por ano), carros (três, dos quais um de afectação, um protocolar e outro para assistir a mulher), onze funcionários pagos pelo Estado e demais benefÃcios.
Os membros e simpatizantes da Renamo não gostaram dos resultados e desde que foram anunciados a esta parte têm manifestado, de diversas formas, a sua insatisfação.
Uns a não se conformarem com o terceiro lugar, a exemplo de Arnaldo Chalaua, deputado da Assembleia da República pela Renamo, que continua a acreditar que nada está perdido e que o seu partido continua na mesma posição de segundo mais votado. Outros, que caÃram na real, já deram conferências de imprensa em algumas provÃncias do paÃs a exigirem a convocação urgente do Conselho Nacional e, por via deste, o congresso extraordinário para a reorganização do partido com vista à s próximas eleições.
Está claro que o que os membros e simpatizantes da Renamo querem são mudanças. Uma nova forma de ser e estar no partido. Uma nova forma de fazer polÃtica. Um novo dinamismo. Uma nova cara na liderança da “perdiz”, com créditos para levar o partido a voltar a sonhar em governar Moçambique.
Há o entendimento, dentro daquela formação polÃtica da oposição, de que a reestruturação que se pretende ver concretizada só será possÃvel com a demissão imediata de Ossufo Momade, o qual não me parece disposto a deixar o cargo.
É verdade que foi eleito democraticamente para ser presidente da Renamo em Janeiro de 2019, depois da morte, por doença, de Afonso Dhlakama, e reconduzido no ano passado num congresso turbulento realizado em Alto Molócuè, na Zambézia, com 57 por cento dos votos. Isso não está em discussão.
O que está em causa é a legitimidade de Ossufo Momade como lÃder da Renamo. Será que depois de tudo que aconteceu; do ambiente que se vive, neste momento, dentro da Renamo, está em condições de continuar à frente do partido? A resposta é não.
Para o bem da Renamo, apesar de que o seu mandato está em dia e depois de todos os sinais possÃveis emitidos pelos membros e simpatizantes de que as coisas não estão bem, Ossudo Momade devia deixar o seu lugar à disposição e permitir que o seu partido se regenere.
Hoje, a Renamo está, praticamente, paralisada. Não há nenhuma actividade polÃtica que se esteja a desenvolver. A única vitalidade do partido é o grupo parlamentar da Renamo na AR. A base está desconectada do topo. O que se ouve é só barulho por tudo o que é canto envolvendo, ultimamente, os ex-guerrilheiros.
Fonte: Evidências