Aviões prontos, mas em terra: nova companhia aérea travada em Maputo

 


A nova companhia aérea formada pela parceria entre a FastJet e a Solenta está pronta para operar em Moçambique, mas enfrenta um impasse que a impede de decolar. As aeronaves Embraer 145, já estacionadas no Aeroporto Internacional de Maputo, aguardam autorização oficial para iniciar voos comerciais. Segundo fontes da operadora, todos os requisitos técnicos foram cumpridos, restando apenas a emissão da licença de exploração por parte do Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM).

A previsão inicial apontava para o início das operações em Junho, o que colocaria fim ao monopólio de facto das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) nas rotas domésticas. No entanto, o processo está estagnado. Algumas fontes sugerem interferência de interesses instalados que tentam travar a concorrência para proteger o domínio da LAM, frequentemente criticada por atrasos, cancelamentos e má qualidade de serviço.

Contactado, o presidente do Conselho de Administração do IACM, João de Abreu, confirmou que a estreia da nova companhia estava prevista para este mês, mas alegou desconhecer os motivos do atraso, justificando estar de férias. A ausência de explicações oficiais aumenta as especulações sobre possíveis manobras para adiar o início das operações da nova empresa.

A situação surge num momento delicado para a LAM. A companhia nacional está em processo de reestruturação e enfrenta pressão pública por melhorias. Recentemente, o Presidente da República, Daniel Chapo, reafirmou que a reestruturação da transportadora é irreversível, denunciando sabotagens internas e “raposas infiltradas” que, segundo ele, resistem a mudanças e promovem corrupção. Ele também alertou que há forças que não desejam que a LAM tenha autonomia na aquisição de aviões.

O caso ganha contornos de bloqueio deliberado ao investimento privado e à livre concorrência no setor da aviação, afetando não apenas os operadores, mas também milhares de passageiros que esperam por opções seguras, pontuais e mais acessíveis no transporte aéreo nacional.

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