A cidade da Beira assistiu, recentemente, a um episódio curioso da política moçambicana. O presidente do partido Podemos, Albino Forquilha, realizou uma passeata que tinha todos os ingredientes de um ato de pré-campanha: viatura, entusiasmo e gestos ensaiados. Faltou apenas o essencial — o público.
Durante a iniciativa, Forquilha subiu à porta de um carro e acenou energicamente, num gesto que, apesar da convicção, encontrou apenas o vazio como resposta. Nem gritos de apoio, nem bandeiras ao vento, nem sequer um grupo de curiosos. A cena rapidamente ganhou as redes sociais, tornando-se viral e gerando uma onda de memes sob a alcunha de “saudação ao ar”.
Nas imagens divulgadas, o presidente do Podemos surge determinado, mesmo diante da ausência de simpatizantes. Para muitos, a situação foi interpretada como um reflexo do atual estado do partido, que tem enfrentado críticas desde a sua decisão de aceitar os resultados das últimas eleições, consideradas fraudulentas por setores da oposição e grande parte da opinião pública.
A ausência de público no evento foi amplamente associada a uma possível perda de capital político, agravada pela separação entre o Podemos e o ativista Venâncio Mondlane — uma figura política que, ao contrário de Forquilha, ainda mobiliza multidões por onde passa.
Apesar do constrangimento público, há quem veja na ação de Forquilha um ato de coragem ou, pelo menos, de persistência. Analistas mais críticos, porém, apontam para um desgaste político e sugerem que o partido precisa reavaliar suas estratégias e o seu posicionamento junto ao eleitorado.
A passeata sem público levantou questões: seria este um sinal claro da desconexão entre o Podemos e as bases populares? Ou apenas um tropeço isolado num percurso político ainda por construir?
Enquanto isso, nas redes sociais, o episódio segue alimentando piadas e vídeos editados. Resta saber se o partido saberá transformar a situação em lição — ou se continuará a acenar para um eleitorado que, por ora, parece não estar mais lá.