Médicos do Hospital Central de Nampula (HCN), o maior da região Norte, anunciaram que vão deixar de prestar serviços fora do horário normal de expediente a partir de 1 de Julho. A decisão decorre do não pagamento de turnos, feriados e fins-de-semana há mais de 18 meses.
O protesto, descrito pelos próprios médicos como uma suspensão voluntária do trabalho extraordinário, poderá ter impacto significativo nos serviços de urgência e cuidados críticos fora do expediente oficial (07h30 às 15h30). “Não se trata de uma greve. Vamos continuar a trabalhar durante o horário normal. O que não vamos fazer é o trabalho extra que não está a ser pago”, afirmou Vanilton Acuna, médico-residente em cirurgia.
Segundo Pascoal Víctor, outro médico do HCN, os pagamentos em falta remontam a Janeiro de 2023 até ao presente ano de 2024. Os médicos alegam que nunca enfrentaram este tipo de problema antes e denunciam falta de clareza e transparência por parte das autoridades hospitalares e governamentais.
“Trata-se de trabalho prestado com autorização da própria direcção do hospital, o que pressupõe um compromisso institucional de pagamento. Se não há pagamento, não pode haver prestação”, reforçou Pascoal Víctor.
O silêncio da direcção do hospital preocupa os profissionais, que sublinham o paradoxo entre a crise vivida e o lema do Ministério da Saúde: “O nosso maior valor é a vida”. Segundo os médicos, os maiores prejudicados serão os doentes em estado crítico que necessitam de cuidados fora do horário de expediente.
Apesar da gravidade da situação, a direcção do Hospital Central de Nampula ainda não se pronunciou oficialmente.