NAMPULA — O activista social Gamito dos Santos, detido no sábado durante uma manifestação pacífica contra a crise de combustível em Nampula, foi libertado no final da tarde do mesmo dia. Agora em liberdade, Dos Santos afirma que vai processar a Polícia da República de Moçambique (PRM) por agressão física durante a sua detenção.
Segundo o activista, a detenção foi não apenas arbitrária, mas acompanhada de violência policial. Ele afirma ter sido agredido mesmo estando desarmado e sem oferecer resistência.
“Fui detido por exercer o meu direito constitucional à manifestação pacífica. Mas pior do que isso, fui agredido por agentes da PRM enquanto protestava de forma ordeira. Não posso deixar isso passar impune. Iremos avançar com um processo judicial contra a polícia de Nampula,” declarou Gamito dos Santos à saída da esquadra.
A manifestação em questão visava denunciar os impactos da crise de combustível na província de Nampula, onde os preços dos transportes e dos produtos alimentares dispararam, agravando o sofrimento da população. A marcha foi organizada por activistas e membros da sociedade civil, que garantem ter seguido os princípios da não-violência.
Jotta Pachoneia, activista que também participou da marcha, reforçou que a acção foi pacífica e considerou a detenção de Gamito uma tentativa de intimidar vozes críticas.
“A libertação é uma vitória, mas o trauma e a violência não podem ser esquecidos. As autoridades devem responder por seus actos,” afirmou.
Organizações de direitos humanos já demonstraram solidariedade ao activista e dizem estar prontas para apoiar juridicamente a queixa contra a PRM. Até ao momento, a polícia não se pronunciou oficialmente sobre as alegações de agressão nem sobre os fundamentos da detenção.
A situação reacende o debate sobre o uso excessivo da força por parte das autoridades e o respeito pelos direitos civis em Moçambique.
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