Em um movimento ousado para reconfigurar o controle sobre suas riquezas naturais, o governo militar da Guiné anulou mais de 50 licenças de exploração de recursos como ouro, bauxita, diamantes e grafite. A decisão foi oficializada por decreto, sem justificativa detalhada, mas deixa claro o objetivo do regime: colocar o país no centro da cadeia de valor dos seus minerais.
Desde que assumiu o poder em setembro de 2021 por meio de um golpe de Estado, o coronel Mamady Doumbouya vem buscando maior soberania sobre o setor de mineração, um dos pilares da economia guineense. A recente medida reforça essa estratégia, mirando principalmente empresas que não estão em conformidade com o código de mineração local.
Além do cancelamento das licenças, o governo estabeleceu um ultimato: companhias estrangeiras que desejam continuar atuando no setor da bauxita devem apresentar, até o fim de maio, propostas para a construção de refinarias no território guineense. A exigência visa garantir que o processamento do mineral, base para a produção de alumínio, ocorra dentro do país — uma tentativa de agregar valor e gerar empregos localmente.
Apesar de ser uma das nações mais ricas em recursos naturais do mundo, a Guiné permanece entre os países mais pobres do planeta. A nova política de Doumbouya promete alterar esse cenário, ao menos na teoria, apostando na industrialização como caminho para o desenvolvimento. Resta saber como o mercado internacional e as grandes mineradoras reagirão à guinada nacionalista de Conacri.
Fonte: DW ÁFRICA