Milhões para Poucos, Miséria para Muitos: A Realidade Crua por Trás da Mina de Nhampassa, Manica


Maputo - 9 de maio de 2025 por jornal Creator 

Nos últimos anos, Moçambique tem assistido a uma escalada de conflitos entre comunidades locais, empresas do setor extrativo e o Estado, com destaque para regiões abundantes em recursos naturais como Cabo Delgado, Tete, Manica e Nampula. Essas tensões, muitas vezes marcadas por confrontos abertos e resistência popular, têm raízes profundas em disputas por terra, promessas não cumpridas, impactos ambientais severos e a crescente marginalização social das comunidades afetadas.

O Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) tem sido uma das vozes mais ativas na denúncia sistemática desses conflitos, alertando para a fragilidade de modelos de exploração assentados em concessões unilaterais, que excluem a consulta efetiva às populações locais e negligenciam a redistribuição justa dos lucros gerados.

Um dos casos mais emblemáticos é o da mina de turmalinas de Nhampassa, localizada na província de Manica. A presença da Sociedade Mineira de Nhampassa (Sominha Limitada) e os investimentos significativos feitos na área não se traduziram em melhorias nas condições de vida da população. Pelo contrário, os residentes continuam a enfrentar pobreza extrema, com acesso precário a serviços essenciais como saúde, educação e oportunidades de emprego.

A sensação de injustiça e exclusão, agravada pela expropriação de terras para fins de mineração, tem impulsionado reações populares contundentes. Entre elas, destaca-se a criação da Cooperativa Manoassaca — uma iniciativa de autogestão e resistência, onde membros da comunidade decidiram ocupar e gerir parte das atividades mineiras por conta própria, em busca de dignidade e sustento.

Este caso revela com nitidez os dilemas estruturais da mineração em Moçambique: um modelo que privilegia interesses externos em detrimento dos direitos e necessidades das populações locais. À medida que os recursos naturais continuam a ser explorados sem transparência e justiça, o risco de novos conflitos permanece iminente — e o silêncio das vítimas, cada vez mais difícil de ignorar.

Fonte: CDD MOÇAMBIQUE 

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