Mondlane Clama por Apoio Global em Nome da Liberdade: 'Moçambique Está de Luto"

Por Jornal Creator 



Durante sua intervenção no Oslo Freedom Forum, na Noruega, o político moçambicano Venâncio Mondlane lançou um apelo à comunidade internacional, pedindo apoio para a legalização do partido que fundou recentemente, a Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (ANAMALALA).

Mondlane, ex-candidato presidencial e uma das principais figuras da contestação aos resultados das últimas eleições moçambicanas, destacou que o novo partido representa “a única voz de resistência” contra o que classificou como um “regime opressor”. Segundo ele, Moçambique necessita urgentemente de solidariedade internacional para garantir que a democracia e os direitos humanos prevaleçam.

“Moçambique precisa da vossa ajuda. Vamos precisar da vossa ajuda para este partido porque, até agora, é a única voz em Moçambique que ainda resiste face a um regime opressor que já abocanhou tudo”, afirmou perante uma plateia que reuniu ativistas, políticos e líderes de direitos humanos de várias partes do mundo.

A sigla ANAMALALA, inspirada em uma expressão da língua macua que significa “vai acabar” ou “acabou”, tornou-se símbolo de resistência popular e foi amplamente utilizada por Mondlane durante sua campanha eleitoral e os subsequentes protestos. “ANAMALALA, no meu país, é uma palavra de esperança”, declarou, emocionado.

Em sua apresentação, Mondlane recordou o seu passado como membro da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder desde a independência, mas do qual se distanciou por, segundo ele, ter-se tornado “uma verdadeira organização criminosa”.

“O meu pai foi presidente de uma das principais seguradoras do país. Eu via a Frelimo como uma coisa pura e imaculada. Mas fui vendo que este partido destruiu o meu país”, lamentou.

O político voltou a denunciar a repressão violenta das autoridades moçambicanas durante os protestos pós-eleitorais, apontando a morte de quase 400 pessoas, entre elas o seu advogado Elvino Dias, assassinado por desconhecidos em outubro do ano passado. “O nosso país está de luto”, afirmou.

Desde outubro de 2024, Moçambique mergulhou numa onda de protestos sociais, alimentados pela rejeição dos resultados das eleições de 09 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo. As manifestações, marcadas por confrontos com a polícia, só cessaram após uma reunião entre Mondlane e Chapo, realizada em março deste ano.

No OFF, Mondlane dividiu o palco com figuras como o opositor russo Vladimir Kara-Murza, libertado em 2024 após ser preso por motivos políticos, e Pavel Durov, fundador do Telegram, que participou virtualmente por estar impedido judicialmente de viajar.

Organizado pela Human Rights Foundation (HRF), o Oslo Freedom Forum é um dos eventos internacionais mais prestigiados na área dos direitos humanos. Fundado em 2009, reúne anualmente vozes dissidentes, prêmios Nobel da Paz, ex-líderes de Estado e outros protagonistas da luta contra ditaduras e autoritarismos.


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