A tensão interna na Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, atingiu novos patamares com a ocupação contínua da sua Sede Nacional, localizada na Cidade de Maputo, por antigos guerrilheiros do movimento. Já há uma semana acampados no local, os manifestantes afirmam que só abandonarão as instalações com a renúncia imediata do líder do partido, Ossufo Momade.
João Machava, porta-voz dos ex-combatentes, garante que o grupo está preparado para permanecer o tempo que for necessário. “Viemos para ficar”, declarou, sublinhando que os manifestantes pretendem, inclusive, estender os protestos a outros gabinetes do partido. Segundo ele, a ocupação foi precedida por várias tentativas formais de diálogo, incluindo a entrega de documentos com críticas à atual liderança, mas que todas as iniciativas foram ignoradas.
O descontentamento com Ossufo Momade cresce a cada dia. Machava afirmou que há mais membros a chegar de diferentes províncias do país, aumentando a pressão interna sobre o partido. Confrontado sobre a possibilidade de confrontos com militantes que apoiam o atual presidente, o porta-voz foi categórico: “Mesmo sem armas, estamos prontos para lutar. Sairemos vitoriosos”.
Os antigos guerrilheiros também rejeitam a legitimidade do congresso que reelegeu Momade, classificando-o como um “jogo” sem valor legal ou político. A crise instalada desafia a estabilidade interna da Renamo e levanta sérias questões sobre o seu futuro político, num momento crítico para o país.