Joseph Kabila, ex-presidente da República Democrática do Congo (RDC), retornou ao país após dois anos no exterior, desembarcando em Goma, cidade estratégica no leste congolês atualmente sob controle do grupo rebelde M23. A presença de Kabila foi confirmada por dois porta-vozes do movimento e por um líder juvenil do seu partido, o Partido do Povo para a Reconstrução e Democracia (PPRD).
O retorno ocorre em um momento delicado, logo após o Senado da RDC ter retirado sua imunidade parlamentar. A decisão está ligada a acusações de que o ex-chefe de Estado teria oferecido apoio ao M23, grupo armado que reativou suas operações em 2021 e que, segundo denúncias, recebe suporte do governo de Ruanda — uma acusação que Kigali nega.
Kabila nega qualquer envolvimento com os rebeldes e acusa o sistema judiciário congolês de ser instrumentalizado com objetivos políticos. Durante seus 18 anos no poder, de 2001 a 2019, Kabila governou a RDC após a morte de seu pai, Laurent-Désiré Kabila, e permaneceu como figura de influência no cenário político nacional.
Segundo um representante da juventude do PPRD em Goma, a população local acolheu o ex-presidente com entusiasmo. No entanto, o partido tem enfrentado dificuldades: foi recentemente banido pelo governo por manter uma posição considerada ambígua diante da atuação do M23 na região.
O retorno de Kabila reacende tensões políticas e militares em um dos territórios mais instáveis da África Central, colocando em xeque o equilíbrio institucional da RDC em meio a uma crise prolongada.
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Internacional