Já se passou um ano desde que a Rádio Moçambique (RM) deu início ao tão falado processo de enquadramento dos seus profissionais. Desde então, o que se viu foi uma sequência de promessas não cumpridas, reuniões repetitivas e um silêncio sepulcral por parte da gestão. Nem água vai, nem água vem.
Em janeiro de 2025, numa reunião com todos os trabalhadores, a PCA do IGEPE assegurou que, caso não houvesse grandes reclamações ou objeções ao processo, os efeitos salariais do enquadramento poderiam ser sentidos já a partir de março. Isso reforçou a convicção de muitos de que o dinheiro para o processo já existia. Porém, março veio, passou, e... nada. O silêncio passou a dominar o discurso do IGEPE — e da RM, que há mais de seis anos congelou todas as progressões de carreira.
Vale lembrar que essas mesmas progressões haviam sido prometidas pelo Administrador Executivo Arão Cuambe para o ano de 2024. Mais uma vez, palavras ao vento.
Em abril, o IGEPE voltou a reunir-se com os trabalhadores da RM. Ao invés de trazer soluções ou atualizações, repetiu exatamente o mesmo discurso de janeiro, agora com um tom ainda mais arrogante. Nenhum compromisso novo foi assumido, nenhuma previsão foi dada. Nada de novos enquadramentos, nada de novos salários, nada de mudanças de carreira. O vácuo total.
O cenário é ainda mais frustrante quando comparado com outras empresas públicas como TVM, CFM, LAM e TMCEL, onde o IGEPE agiu com rapidez, investimentos e decisões concretas. Por que a RM é tratada com tamanho descaso? Algo de muito errado não está certo nesse enredo entre RM e IGEPE.
Outro dado gritante: desde janeiro de 2023 até hoje, a RM só conseguiu transferir 62 dos mais de 300 pensionistas para a previdência social. E, curiosamente, esse número permanece o mesmo em todos os comunicados internos — como se o tempo não passasse.
Enquanto isso, há funcionários que são verdadeiras relíquias coloniais, que continuam na folha de pagamento com salários que chegam a ser 40 vezes superiores ao de um funcionário básico. A RM parece temer desligá-los, preferindo manter privilégios injustificáveis em vez de reestruturar a empresa de forma justa e sustentável.
Neste contexto, é impossível não questionar: quem ganha com essa estagnação? Até quando os trabalhadores da RM continuarão a ser tratados como cidadãos de segunda categoria dentro do próprio setor público?
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