Por Jornal Creator
“As manifestações ajudavam-me a viver. Agora não tenho comida em casa.” — Foi com estas palavras que um telespectador identificado como Pedro, falando a partir da província de Nampula, interveio em direto no programa Balanço Geral, da TV Miramar, na manhã desta quarta-feira, 15 de maio de 2025.
Durante a chamada ao vivo, Pedro fez um apelo direto ao político Venâncio Mondlane, pedindo que este retome as manifestações populares que vinha organizando nos últimos meses. O telespectador alegou que a suspensão temporária dos protestos agravou a sua situação económica.
“Quando havia manifestações, as coisas tornavam-se mais fáceis. Agora não tenho nada. Não tenho comida em casa. Que o Venâncio volte às ruas,” desabafou Pedro, comovendo os apresentadores e os demais espectadores.
O episódio reflete o desespero de muitos cidadãos moçambicanos face ao aumento do custo de vida e ao sentimento generalizado de abandono social. Desde que Venâncio Mondlane anunciou a suspensão das manifestações por um período de três meses, uma onda de reações tem tomado conta das redes sociais e dos programas de interação popular, como o da TV Miramar.
As manifestações lideradas por Mondlane tinham ganhado força como forma de contestação contra o governo, denunciando problemas como a má gestão dos recursos públicos, o desemprego e a fome. A pausa, segundo o próprio político, visa criar espaço para a reorganização e diálogo com diferentes setores da sociedade.
Entretanto, o apelo de Pedro é um lembrete poderoso do impacto direto que os protestos têm tido na vida de alguns cidadãos — não apenas como expressão política, mas como uma forma, ainda que indireta, de aliviar pressões sociais.