ESPECIAL CREATOR: 25 de Junho – 50 Anos de Liberdade Roubada: Venâncio Mondlane e o Grito de Um Povo Silenciado

ESPECIAL CREATOR
50 ANOS DE INDEPENDÊNCIA: ENTRE A CELEBRAÇÃO E O GRITO DO POVO

Moçambique celebra neste 25 de Junho os 50 anos da independência nacional. Mas, por entre bandeiras e discursos oficiais, cresce uma outra voz – a que denuncia que essa liberdade foi, na verdade, roubada.

E nesta voz coletiva, destaca-se a figura de Venâncio Mondlane, visto por muitos como símbolo de resistência e de inconformismo com o atual estado da nação.

A independência proclamada em 1975 foi o marco de um novo começo. Representava a esperança de um país justo, soberano e desenvolvido. No entanto, cinco décadas depois, essa promessa continua por cumprir para milhões de moçambicanos.

O país permanece sob um sistema onde a pobreza, a repressão e a corrupção substituíram os ideais da libertação. Mondlane, ao lado de uma geração que se recusa a silenciar, tem denunciado o uso abusivo do poder, os vícios eleitorais e a apropriação do Estado por uma minoria que governa para si mesma.

Nos anos recentes, especialmente em 2024 e 2025, a população tomou as ruas exigindo justiça nas eleições. A resposta foi brutal: mais de 100 mortos, centenas de feridos e um povo ainda mais revoltado. Jovens tombaram não contra o colonialismo, mas contra um sistema que falhou em protegê-los.

Venâncio Mondlane, que se destacou por contestar a legalidade dos resultados eleitorais, tem sido voz ativa contra a normalização da repressão. Muitos moçambicanos veem nele a personificação da indignação coletiva, sobretudo quando se recusa a aceitar convites protocolares que visam “embelezar” um sistema que ele próprio denuncia como ilegítimo.

Enquanto o governo organiza celebrações grandiosas, o povo pergunta: o que estamos a celebrar? A liberdade? A dignidade? Ou a ilusão de uma independência que só chegou para alguns?

Hoje, em vez de “Feliz Dia da Independência”, muitos moçambicanos dizem: “Lembra.”

Lembra dos que morreram a exigir justiça.

Lembra das mães que enterraram os seus filhos.

Lembra que independência não é apenas deixar de ser colónia, mas conquistar o direito de viver livre.

Ao lado de tantos que clamam por mudança, Venâncio Mondlane tornou-se um ponto de referência num país que procura reencontrar o seu rumo.

Porque se esta independência não cumpriu o seu propósito, então talvez seja hora do povo lutar por uma nova — que desta vez, seja verdadeira.

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