Albinos vivem com medo: sequestros, assassinatos e discriminação persistem

Por JORNAL CREATOR 



As pessoas com albinismo continuam a viver sob o peso do medo, da perseguição e da exclusão social. Sequestros, assassinatos e extração de órgãos humanos são práticas macabras que ainda ameaçam a integridade física e psicológica deste grupo vulnerável. Em Moçambique, os relatos de estigma e discriminação são constantes, como denunciaram alguns cidadãos durante o lançamento da Semana de Conscientização sobre o Albinismo.

A cerimônia, conduzida pelo Ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Mateus Saize, serviu para alertar sobre os múltiplos desafios enfrentados por pessoas albinas. O governante reconheceu que ainda há um longo caminho a percorrer no que toca à garantia dos direitos humanos deste grupo.

“Os albinos continuam a enfrentar desafios significativos em matérias de direitos humanos, incluindo discriminação, exclusão social e graves violações dos seus direitos. O Governo está comprometido em resolver este cenário… realizando campanhas nacionais e internacionais de conscientização”, afirmou Saize.

A condição genética que leva à ausência total ou parcial de melanina torna a pele das pessoas com albinismo alvo de crenças supersticiosas. Em algumas comunidades, estas pessoas são associadas à riqueza e a poderes sobrenaturais, o que fomenta práticas cruéis como a mutilação e assassinato.

Leta Vasco, uma jovem albina, partilhou o drama de viver constantemente ameaçada:

“Mesmo quando ando na rua, as pessoas chamam-me de bolada. Atacam-me com palavras de riqueza dizendo que eu não sou pessoa”, desabafou. “Há momentos em que prefiro não me fazer à rua por causa destes comportamentos. Algumas pessoas atiravam-me pedras e outras cuspiam em mim”.

Nelson Mazive, também albino, vive com o estigma desde a infância. “Há discriminação e estigma na sociedade. Pessoas com albinismo são atribuídas nomes pejorativos e há um tratamento desumano”, lamentou.

No mesmo evento, foi lançado o projecto Rights For Inclusion, que visa salvaguardar os direitos das pessoas com deficiência, com enfoque especial nas pessoas com albinismo. Zeca José, representante do Fórum das Associações Moçambicanas para Pessoas com Deficiência (FAMOD), explicou: 

“É um projecto destinado especificamente a pessoas com albinismo, para a questão da promoção dos seus direitos e protecção da sua pele”.

Apesar das iniciativas em curso, a realidade no terreno ainda é marcada pelo medo, preconceito e violência. A Semana de Conscientização sobre o Albinismo surge, assim, como uma oportunidade de educação social e reforço das políticas de proteção — uma resposta urgente para um problema que fere os direitos humanos mais básicos.

Fonte O País






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