O Presidente da República, Daniel Chapo, expressou neste sábado confiança no andamento das obras no Estádio da Machava, em Maputo, onde deverão decorrer as festividades centrais dos 50 anos da independência nacional, no próximo dia 25 de Junho.
Após visitar o recinto, o Chefe de Estado afirmou que “tudo está a correr bem” e que os técnicos garantem que a infraestrutura estará pronta até ao dia 24, quando está previsto o ensaio geral do evento. “Vamos celebrar os 50 anos com dignidade. O estádio estará completamente apostos”, afirmou Chapo.
Durante a visita, Chapo apelou à participação massiva dos moçambicanos, em especial dos residentes do Grande Maputo, sublinhando que a Machava representa um símbolo histórico da luta pela independência. Ali, a 25 de Junho de 1975, Samora Machel proclamou a libertação nacional, após mais de uma década de luta armada contra o regime colonial português.
O Chefe de Estado aproveitou o momento para saudar os Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM) pelos 130 anos da sua existência e classificou a reabilitação do Estádio da Machava como um “presente ao povo moçambicano”. No entanto, importa lembrar que as obras no estádio sofreram derrapagens orçamentais significativas, com custos que já superaram em mais de 50% a previsão inicial, segundo revelou um engenheiro da empresa responsável.
Daniel Chapo defendeu que a celebração dos 50 anos deve ser uma ocasião de reflexão crítica sobre os ganhos e falhas do país desde 1975. “Houve muitas realizações, mas também há desafios. Vamos fazer a avaliação do que foram os 50 anos e projectar os próximos 50,” afirmou, num discurso que tenta equilibrar tom celebrativo e realista.
O Presidente finalizou apelando à paz, segurança e estabilidade, como condições essenciais para o desenvolvimento nacional. “Cada um de nós tem que fazer a sua parte para manter a paz, a reconciliação e, sobretudo, o amor ao próximo”, declarou.
Embora Chapo reforce constantemente mensagens de unidade, pouco se ouviu sobre medidas concretas para resolver os problemas estruturais que afetam a governação, a justiça, a segurança e os direitos humanos no país. O silêncio sobre casos sensíveis como o de Atanásio Marcos pode minar a credibilidade da mensagem de reconciliação e coesão.
Além disso, ao passo que se celebram os 50 anos com eventos de grande visibilidade, persistem graves deficiências nos serviços públicos, como demonstrado recentemente pela crise no Hospital Central de Nampula, onde médicos anunciaram que vão suspender turnos por falta de pagamento há mais de um ano.