Moçambicanos Sabotam Chapo Na celebração dos 50 anos da Independência Nacional

 


Contrastando com a emoção exibida pelo Presidente Daniel Chapo e pelos seus camaradas durante a recepção da “Chama da Unidade Nacional” — cerimónia central dos 50 anos da independência de Moçambique — a dura realidade do povo moçambicano ficou, mais uma vez, apagada no brilho artificial das comemorações estatais.

Nem mesmo o recém-reabilitado “Estádio da Independência Nacional”, localizado na Machava, em Maputo, conseguiu reunir 40 mil cidadãos para a cerimónia. Para muitos, o nome do local já soa irônico, pois a promessa de independência continua distante da vida real.

A poucos quilómetros dali, vive Amina — uma menina de 9 anos que partilha uma cabana de chão batido com os avós e dois irmãos mais novos. Sem água potável, sem energia elétrica e sem comida garantida, Amina representa o rosto silencioso de milhões de moçambicanos que não têm o que festejar.

Enquanto o Presidente da República exaltava os feitos de 50 anos de independência, prometendo mais progresso e desenvolvimento, Amina tentava entender por que sua barriga dói todas as noites, ou por que seu avô, um veterano da luta, já não tem forças para caminhar até ao posto de saúde mais próximo — onde nem sempre há medicamentos.

As cerimónias oficiais, envoltas em simbolismo e discursos esperançosos, pouco refletem a realidade daqueles que ainda esperam pelo mínimo: uma refeição por dia, uma escola com carteiras e livros, ou uma estrada transitável durante a estação chuvosa.

No mesmo palco onde se curvou diante dos heróis da libertação nacional, Chapo não mencionou nomes como o de Amina, que não seguram armas nem bandeiras, mas sustentam o país com silêncio e resistência.

Neste 25 de Junho, a distância entre o discurso oficial e o dia a dia do povo moçambicano parece maior do que nunca. A independência de 1975 libertou a pátria do domínio colonial, mas o povo ainda aguarda a sua verdadeira emancipação: a liberdade de viver com dignidade.

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