Mondlane EXIGE julgamento de Celso Correia e Filipe Nyusi por gestão danosa no FNDS

Por Jornal Creator 


A polémica em torno da gestão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS) e do programa SUSTENTA ganhou novos contornos após declarações públicas do político Venâncio Mondlane, que apelou à Procuradoria-Geral da República (PGR) para iniciar uma investigação contra o antigo Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Ismael Correia.

Segundo Mondlane, é chegada a hora de responsabilizar os "verdadeiros bandidos" que terão lesado o Estado moçambicano em milhões de dólares. Ele acusa Celso Correia de uma gestão danosa dos fundos públicos destinados ao FNDS e à mediatizada operação Tronco, que, segundo as denúncias, terá beneficiado a empresa Luxoflex, ligada à filha do antigo Presidente Filipe Nyusi e ao filho da atual Presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro.

“É o momento este para que o antigo Ministro da Agricultura Celso Correia responda pelas suas falcatruas no FNDS e na operação Tronco”, declarou Mondlane na sua página oficial do Facebook.

Para o político, tanto o FNDS quanto o SUSTENTA representam “as novas máscaras das dívidas ocultas” — um fantasma que continua a assombrar o país desde a sua revelação em 2016.

Questionamentos ao novo ministro

Mondlane não poupou também o atual Ministro da Agricultura, Roberto Mito Albino, ao exigir que este não avance com novos programas no setor agrícola antes de divulgar os relatórios dos últimos oito anos do SUSTENTA. Mondlane questiona como Albino pode afirmar desconhecer o projeto, uma vez que liderou a Agência do Vale do Zambeze, uma instituição sob tutela do próprio ministério.

 “Isto nos lembra o período das dívidas ocultas, havia alguém que sempre dizia que não sabia de nada... até que o julgamento arrancou e todos nós vimos.”

As declarações de Albino causaram surpresa, especialmente devido à alta mediatização que o SUSTENTA sempre teve, inclusive com apoio de instituições como o Banco Mundial.

Pressão por uma Comissão de Inquérito

A tensão aumentou com as declarações do analista político Muhammad Yassine, que defendeu publicamente a criação de uma Comissão de Inquérito pelo Gabinete do Presidente da República para esclarecer o que de facto aconteceu com o SUSTENTA.

Para Yassine, é claro que “um dos dois está a mentir” e que o povo moçambicano tem o direito de conhecer a verdade. Segundo o analista, não faz sentido que um programa de tão grande visibilidade seja agora ignorado ou tratado com desconhecimento por parte dos atuais dirigentes.

“O actual ministro não pode dizer que desconhece um projecto amplamente falado e criticado ao ponto do Banco Mundial não tirar o relatório sobre o SUSTENTA.”

Um projeto ambicioso com milhões em jogo

Lançado em 2016 pelo então Presidente Filipe Nyusi, o SUSTENTA tinha como objetivo promover agricultura sustentável, segurança alimentar e desenvolvimento rural, com um financiamento inicial de mais de 108 milhões de dólares, podendo chegar até 200 milhões, segundo fontes alternativas.

Apesar do seu potencial transformador, o projeto tornou-se alvo de denúncias de corrupção, favorecimento familiar e falta de transparência, com consequências que podem manchar ainda mais a credibilidade das instituições públicas moçambicanas.

O apelo à justiça

A principal exigência de Mondlane é clara: que a Procuradoria-Geral da República entre imediatamente em ação e leve à barra da justiça os responsáveis por este alegado escândalo financeiro.

As denúncias colocam o Governo sob forte pressão, especialmente perante a opinião pública, que ainda tenta recuperar da ferida deixada pelas dívidas ocultas. Se comprovadas as irregularidades, o caso poderá representar mais um capítulo negro na história da gestão de fundos públicos em Moçambique.




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