Onde vai o dinheiro afinal de contas? Ossufo Momade NEGA receber dinheiro dos desmobilizados

Por Jornal Creator 



Durante a Conferência Nacional dos Combatentes da Luta pela Democracia (ACOLDE), o presidente da RENAMO, Ossufo Momade, negou qualquer envolvimento com os fundos destinados aos combatentes desmobilizados do processo DDR. Segundo ele, nunca recebeu qualquer valor e desafiou os acusadores a apresentarem provas. Também deixou claro que a responsabilidade pelas pensões é do Estado, não da RENAMO.

Apesar disso, muitos desmobilizados continuam a queixar-se da falta de apoio, e os projectos de geração de rendimento continuam sem sair do papel. Momade responsabiliza a Comunidade Internacional, que teria prometido assistência — mas os resultados, segundo ele, “não se fazem sentir”.

O tom adotado pelo líder da oposição levanta uma questão preocupante: se nem o partido, nem o Estado, nem a comunidade internacional assumem claramente a gestão dos fundos, afinal de contas, para onde está a ir o dinheiro prometido aos desmobilizados?

Em 2022, surgiram acusações de que generais da RENAMO teriam transformado o DDR em uma "bolada", incluindo civis nas listas de beneficiários em troca de dinheiro e gado. Relatos indicam que pessoas que nunca foram militares conseguiram ser alistadas no processo mediante subornos, enquanto ex-combatentes legítimos foram deixados de fora.  

Além disso, há registros de desvio de fundos dentro do partido. Em 2022, o membro suplente do Conselho Nacional da RENAMO, Sandura Ambrósio, denunciou o desvio de 12 milhões de meticais destinados a atividades partidárias. Embora o porta-voz da RENAMO tenha negado as alegações, afirmando que Ambrósio já não fazia parte do partido, a denúncia levanta preocupações sobre a transparência na gestão financeira da organização.  

A situação é agravada pela falta de pagamento de subsídios aos ex-combatentes. Em 2021, foi relatado que antigos guerrilheiros da RENAMO estavam há três meses sem receber subsídios, enfrentando dificuldades financeiras e sociais.  

Diante dessas evidências, é imperativo questionar: se os fundos destinados aos desmobilizados existem, conforme afirmado por representantes internacionais, por que tantos ex-combatentes continuam sem receber os benefícios prometidos? A falta de transparência e as denúncias de corrupção indicam a necessidade urgente de uma investigação aprofundada para garantir que os recursos cheguem aos seus legítimos destinatários. 

Enquanto isso, os beneficiários diretos — os combatentes que deixaram as armas em nome da paz — seguem à margem, muitos deles sem pensões, sem projectos e sem respostas concretas.

A situação é um retrato da opacidade que ainda marca o DDR, e mostra como a falta de transparência continua a alimentar desconfiança num processo que deveria ser símbolo de reconciliação e dignidade.






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