Por Jornal Creator
No extremo gelado do Alasca, cercada por montanhas cobertas de neve e acessível apenas por um túnel de mão única, está Whittier — uma cidade singular onde quase todos os seus cerca de 270 habitantes vivem sob o mesmo teto.
Esse teto é o do Begich Towers, um edifício de 14 andares construído na década de 1950, originalmente como instalação militar. Hoje, o prédio é o coração da cidade, funcionando como residência, centro comercial e espaço comunitário. Nele, encontram-se não só os apartamentos dos moradores, mas também escola, mercearia, hospital, igreja, posto dos correios, delegacia e até a sede da prefeitura.
O estilo de vida em Whittier é moldado pelo clima severo. Os invernos são intensos, com nevascas e temperaturas que despencam bem abaixo de zero, tornando difícil — e muitas vezes perigoso — circular pela cidade. Por isso, a concentração de serviços essenciais dentro de um único edifício representa mais do que conveniência: é uma questão de sobrevivência.
Dentro do Begich Towers, os corredores funcionam como ruas internas, e os vizinhos são mais próximos do que em qualquer outro lugar do mundo. Crianças vão à escola sem sair de casa, idosos recebem cuidados médicos no mesmo andar, e encontros sociais acontecem a poucos metros das portas dos apartamentos. A sensação de comunidade é forte, alimentada pelo cotidiano compartilhado em um ambiente isolado, mas coeso.
Viver em Whittier é, para muitos, sinônimo de uma vida simples, protegida e, sobretudo, comunitária. Embora peculiar, essa cidade vertical no Alasca demonstra como a adaptação ao ambiente pode gerar soluções surpreendentes e inspiradoras para viver em harmonia com a natureza — mesmo quando ela é implacável.