Samora Machel, o primeiro Presidente da República Popular de Moçambique, foi hoje homenageado postumamente com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM). O acto insere-se nas celebrações dos 50 anos da independência nacional e representa uma reverência ao papel histórico que desempenhou na construção do Estado moçambicano.
Num comunicado divulgado pela Presidência da República, a UEM justificou que “a atribuição deste título honorífico visa reconhecer, de forma académica e institucional, o contributo inestimável de Samora Moisés Machel para a afirmação do Estado moçambicano, a promoção da justiça social e a valorização da educação e da ciência como pilares do desenvolvimento nacional”.
A cerimónia, marcada por simbolismo e memória histórica, sublinha a importância de se perpetuar a figura de Samora não apenas como líder político, mas como pensador e defensor do progresso através da educação, ciência e inclusão social.
Entretanto, este reconhecimento surge num contexto de profunda crise na educação pública moçambicana, marcada por greves, insuficiência orçamental nas universidades e acusações de instrumentalização política das instituições. A homenagem, ainda que justa, levanta a questão: como garantir que o espírito de Samora não se limite a medalhas cerimoniais, mas inspire transformações concretas?
O desafio, agora, é tornar real o ideal defendido por Samora: educação como alavanca de desenvolvimento e soberania. Com esse título, a UEM recupera um símbolo do passado para refletir o futuro.