Daniel Chapo apela à TotalEnergies a retomar megaprojeto de GNL em Cabo Delgado apesar dos riscos

 


O Presidente da República, Daniel Chapo, apelou à TotalEnergies para retomar o megaprojeto de gás natural liquefeito (GNL) na Área 1 de Cabo Delgado, orçado em 20 mil milhões de dólares, mesmo diante da persistente instabilidade causada por grupos insurgentes na região.

O projeto, suspenso desde 2021 após ataques de militantes ligados ao Estado Islâmico, é considerado fundamental para o futuro económico de Moçambique. Chapo, que falava a partir de Sevilha, Espanha, durante a IV Conferência sobre Financiamento para o Desenvolvimento das Nações Unidas, afirmou que a estabilidade alcançada nos últimos anos “não depende apenas do Governo, mas de todos os parceiros.”

“Se ficarmos à espera que Cabo Delgado se torne um paraíso, não vamos levantar a força maior,” declarou o chefe de Estado, em referência ao mecanismo legal que suspendeu as operações da TotalEnergies.

A planta de GNL, cuja construção levará mais quatro anos, visa explorar reservas descobertas há 15 anos ao largo da costa moçambicana. Atualmente, apenas a plataforma flutuante da Eni está em funcionamento. O terceiro grande projeto, Rovuma LNG, da ExxonMobil, avaliado em 27 mil milhões de dólares, aguarda decisão final em 2026.

A insegurança continua a ser o principal entrave. O envio de tropas do Ruanda em 2021, com apoio financeiro europeu, permitiu recuperar parte da estabilidade. No entanto, os termos e duração da sua presença permanecem incertos. Chapo destacou que a continuidade da paz “depende também de como o terrorismo está a evoluir no terreno.”

O Banco de Exportação e Importação dos EUA aprovou recentemente um empréstimo de 4,7 mil milhões de dólares, reforçando os compromissos financeiros do projeto. Apesar da paralisação, a TotalEnergies manteve os trabalhos de engenharia e prevê iniciar a produção de GNL até 2029.

 “O tempo dependerá muito da segurança no terreno,” frisou Chapo, acrescentando que o Governo está a explorar várias opções para garantir a proteção das operações, embora nenhuma ainda ofereça garantias definitivas.

Moçambique continua a apelar à solidariedade regional africana para consolidar a segurança em Cabo Delgado. Para Chapo, levantar a força maior e retomar o projeto seria não apenas um ganho económico, mas também uma vitória geopolítica para o país.

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