O Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa está à beira do abismo político, acusado de negligência num escândalo que poderá implodir a sua presidência. Um membro sénior da Polícia revelou, há dias, que o Ministro da Segurança permitiu que estruturas nacionais fossem infiltradas por redes criminosas, pondo a soberania do país em xeque.
E o que fez Ramaphosa? Nada de efetivo. Apenas um afastamento temporário, como quem passa um pano sobre um barril de pólvora. Setores diversos da sociedade, desde analistas até veteranos da luta de libertação, dizem em uníssono: Ramaphosa falhou em liderar.
Agora, a conta chegou. E com data marcada: até às 9h de sexta-feira, 18 de Julho — Dia Internacional de Nelson Mandela — ele deve renunciar, segundo exigência pública do partido uMkhonto weSizwe (MK). Caso contrário, uma moção de censura será apresentada para o remover do poder.
A escolha da data não é inocente — 18 de Julho marca o nascimento de Nelson Mandela, comandante-chefe histórico do uMkhonto weSizwe e símbolo da integridade moral. O partido MK afirma que seria uma vergonha nacional que, no dia dedicado a Madiba, o país fosse liderado por um presidente sem coragem para cortar o mal pela raiz.
A ironia salta aos olhos: Ramaphosa, herdeiro político de Mandela, pode cair precisamente no dia que homenageia o seu mentor. E cair não apenas por falhas administrativas, mas por compactuar com um silêncio conivente diante da captura do Estado por criminosos.
A África do Sul olha para o relógio. E o mundo observa. Se Ramaphosa não sair por vontade própria, poderá ser arrastado pelo peso das suas omissões. Em tempos de crise, a omissão é uma escolha — e uma escolha desastrosa.
Resta saber se o Presidente terá grandeza suficiente para sair enquanto pode. Porque depois de amanhã, poderá já não ter escolha.