Chapo PIROU chama manifestantes de “inimigos do povo”

 


Durante um comício realizado nesta terça-feira (16), no distrito de Nhamatanda, província de Sofala, o Presidente da República, Daniel Chapo, subiu o tom contra os autores das manifestações violentas que abalaram o país após as eleições de 2024. No seu discurso, o Chefe de Estado rotulou os manifestantes como “inimigos do povo”, reacendendo o debate sobre os limites entre o direito à manifestação e a repressão política.

> “Quando o Governo constrói escolas, hospitais, fura poços de água, oferece livros mahala, tudo isso é para o povo. E aquele que destrói essas coisas é inimigo do povo”, declarou Chapo, num tom fortemente acusatório.

Apesar de já terem passado cerca de seis meses desde os protestos pós-eleitorais — marcados por confrontos, incêndios e repressão policial —, o Presidente insiste em responsabilizar os manifestantes por problemas estruturais e de provisão de serviços que continuam a afetar o país.

> “Queimam a central de medicamentos e depois fazem manifestação porque faltam medicamentos. Queimam estradas com pneus e depois protestam por causa das covas”, ironizou.

A fala de Chapo surge num momento em que vários setores da sociedade questionam a forma como o Governo tem lidado com os protestos, muitos dos quais motivados por denúncias de fraude eleitoral, desemprego e degradação dos serviços públicos. Críticos argumentam que o Presidente tem adotado uma retórica de intimidação, ignorando as reivindicações legítimas dos cidadãos.

Durante o mesmo comício, Chapo também reconheceu que a corrupção dentro do aparelho do Estado “rouba a esperança do povo”, referindo-se à situação precária nos hospitais públicos.

> “O dia mais feliz de uma mãe devia ser o dia do parto, mas em Moçambique pode ser o mais triste, porque se ela não levar ‘alguma coisa’, é maltratada durante o parto. Temos que acabar com isso”, afirmou.

Nos bastidores, vozes da oposição e da sociedade civil começam a levantar preocupações sobre a possível criminalização da manifestação popular e a narrativa governamental que associa automaticamente protesto à violência.

Com uma economia fragilizada, aumento do custo de vida e escândalos de corrupção recorrentes, a tensão entre o povo e o poder cresce — e o discurso do Presidente pode acender ainda mais o rastilho da insatisfação popular.

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