O presidente marfinense Alassane Ouattara anunciou recentemente que se recandidatará para um quarto mandato, alegando ser esta uma resposta ao “clamor popular” vindo de mulheres, jovens e diversas vozes do país.
Segundo Ouattara, a decisão surge após “reflexão madura”, sustentada pela convicção de que o povo deseja a continuidade da sua liderança. Contudo, a oposição denuncia o movimento como inconstitucional, destacando que os principais adversários estão a ser barrados do processo eleitoral.
Para muitos analistas, a atitude de Ouattara encaixa-se no que tem sido chamado de “Síndrome do Insubstituível” — um padrão recorrente em líderes que se julgam únicos e insubstituíveis na condução do Estado. Esta síndrome manifesta-se através de personalismo extremo, culto à personalidade, marginalização da oposição e manipulação da legalidade para prolongar o poder.
A polémica está instalada e lança novas dúvidas sobre o estado da democracia na Costa do Marfim, onde o poder parece estar cada vez mais centralizado numa única figura que se apresenta como salvador da nação, enquanto bloqueia a alternância política.