Rita Tsovale é hoje um dos rostos femininos que marcam a diferença no setor marítimo em Moçambique. Formada pela Escola Superior de Ciências Náuticas, é uma das poucas mulheres no país com experiência na pilotagem de dragas, embarcações responsáveis pelo desassoreamento dos canais que permitem o acesso de navios aos portos nacionais.
Em entrevista ao Notícias Online, no âmbito da 60.ª Feira Internacional de Maputo, a oficial da Empresa Moçambicana de Dragagens (EMODRAGA) destacou que comandar um navio e liderar uma equipa de pilotos é uma responsabilidade que encara com seriedade e paixão.
Residente em Marracuene, Rita é também esposa e mãe de dois filhos, conciliando a vida familiar com longos períodos no mar que podem durar de 15 a 16 dias consecutivos. "Não é fácil, mas faço esse trabalho com muita responsabilidade, pois é um dos sonhos realizados", sublinhou.
A sua trajetória incluiu um estágio como cadete num navio envolvido na construção da plataforma flutuante na Bacia do Rovuma, em 2021, uma etapa essencial para alcançar o estatuto de oficial. Desde março de 2023, integra a EMODRAGA como oficial praticante.
Entre os maiores desafios, Rita aponta a falta de infraestruturas adequadas, a resistência cultural à presença feminina em ambientes dominados por homens, as dificuldades de conciliar maternidade e carreira, além da discriminação e assédio ainda existentes no setor.
Apesar disso, Rita afirma exercer a profissão com orgulho: "Faço o meu trabalho com muita satisfação e mostro que a mulher é capaz".