Há muito se repete que a FRELIMO só deixará o poder com a vinda de Cristo. Enquanto o Messias tarda, o partido continua a governar Moçambique como quem administra um reino perpétuo, sem sucessão, apenas continuidade. Já sem o brilho da libertação, tornou-se estrutura, agindo não por fé, mas por cálculo político.
Mas o que parecia um deserto político, previsível e estagnado, começou a ganhar voz. A criação da Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (ANAMOLA) não trouxe milagres, mas trouxe impacto. O registo de mais um partido converteu-se num verdadeiro baptismo colectivo, sobretudo da juventude, que mergulhou de cabeça no novo fenómeno.
De repente, jovens antes desligados da política começaram a partilhar, comentar, criar conteúdos e participar. A apatia deu lugar à ação. Entre memes, vídeos improvisados e análises espontâneas, um movimento ganhou forma fora das estruturas tradicionais.
A FRELIMO, acostumada a controlar a narrativa, viu-se surpreendida por uma avalanche de hashtags e discursos que escapam ao seu domínio. O que antes era silêncio geracional tornou-se clamor digital.
A ANAMOLA não se apresenta como um Messias, mas como um profeta que anuncia ruptura. E, se o Salvador político ainda não surgiu, a diferença é que o anúncio já não é solitário: está amplificado por milhares de vozes que decidiram entrar em campo.