“Bolada do algodão”: Roberto Albino no centro de polémica que ameaça promessas de Chapo

 


O escândalo em torno do concurso público para a digitalização das cadeias de valor do algodão e oleaginosas coloca o ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Albino, sob forte contestação, alimentando dúvidas sobre o compromisso do Governo de Daniel Chapo no combate à corrupção.

O caso envolve a empresa Future Technologies of Mozambique, SA, criada em abril de 2025 e vencedora do concurso em agosto, com apenas quatro meses de existência e sem histórico comprovado de operações no setor. A adjudicação, avaliada em 129 milhões de meticais, levantou suspeitas imediatas pela ligação societária entre os proprietários da Future Technologies e o próprio ministro Albino.

Denúncias apontam que a empresa não cumpria requisitos básicos exigidos pela lei, como inscrição no Cadastro Único de Fornecedores, histórico de faturação e capital social adequado. Apesar disso, foi considerada vencedora com a proposta mais cara, superando empresas com experiência consolidada no mercado.

As revelações configuram indícios de conflito de interesses, uma vez que Albino é sócio minoritário da DonaWafica, SA, onde também participa Paulo Auade Júnior, filho de um ex-governador de Tete e actual sócio dos donos da Future Technologies.

O Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas (MAAP) saiu em defesa do ministro, alegando que o concurso foi conduzido pelo Instituto do Algodão e Oleaginosas de Moçambique (IAOM), entidade com autonomia própria, e que o titular da pasta não teria interferido no processo. Ainda assim, o concurso foi suspenso e submetido a inspeção interna.

A polêmica, contudo, já fragiliza a imagem do Executivo. Críticos afirmam que este é o primeiro grande teste à promessa de Daniel Chapo de enfrentar os “corruptos, boladores e nhonguistas”, compromisso assumido no seu discurso dos 100 dias de governação.

Se Albino resistir às pressões e se mantiver no cargo, analistas consideram que Chapo corre o risco de enterrar cedo o mito da incorruptibilidade, transformando um caso de alegada “bolada” num funeral político das esperanças de mudança anunciadas pelo novo Presidente.

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