Maputo — A recente inclusão de Venâncio Mondlane nas conversações sobre o futuro político de Moçambique está a ser vista por diversos analistas como um passo decisivo para garantir a paz e a coesão social no país. Embora não tenha assinado o Compromisso Político Sobre Diálogo Nacional Inclusivo, a sua presença no processo é considerada estratégica e simbólica.
O analista político Simeão Nhambe considera que a decisão de integrar Mondlane nas conversações reflete maturidade política e visão de Estado.
“Excluí-lo seria um erro político grave. Ele foi o segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais e representa um número significativo de moçambicanos. A reconciliação começa no topo, entre os líderes, e só assim se poderá descer à base”, afirma.
Nhambe acrescenta que, num cenário hipotético em que Mondlane tivesse fundado o seu próprio partido, este poderia, hoje, liderar a oposição no país. Para ele, a integração de ideias vindas de diferentes espectros políticos fortalece a governabilidade e aproxima os cidadãos das decisões políticas.
Já Anastácio Chembeze, especialista em Estudos de Paz e Boa Governação, realça a importância da confidencialidade no processo.
“A natureza delicada destes assuntos exige discrição. Mondlane demonstrou sabedoria ao evitar holofotes e focar-se no essencial: garantir que o diálogo avance com seriedade e responsabilidade”, observa.
O Conselho Cristão de Moçambique, por sua vez, defende que o processo de diálogo deve ser contínuo e abrangente, como forma de prevenir futuras crises e recuperar a economia, ainda abalada pelas manifestações pós-eleitorais.
Em sintonia, a Conferência Episcopal de Moçambique, através de um comunicado, sublinha que “a reconciliação verdadeira não se faz apenas com palavras, mas sim com ações que tratem as feridas abertas e reconstruam os laços sociais entre os moçambicanos”.
O reencontro político entre o governo e figuras de relevo como Venâncio Mondlane parece marcar o início de uma nova fase para Moçambique, onde o diálogo inclusivo se afirma como a principal ferramenta para alcançar a paz duradoura.
Fonte:O País