Em um episódio tenso que expôs as fragilidades no processo de desmobilização em Moçambique, a Polícia da República de Moçambique (PRM), por meio da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), deteve de forma compulsiva um grupo de desmobilizados que havia ocupado à força a sede nacional da Renamo, incluindo o gabinete do presidente do partido, Ossufo Momade.
A detenção, ocorrida nesta quarta-feira, gerou reações imediatas dentro da estrutura partidária e da sociedade civil, especialmente após a confirmação de que entre os detidos estavam ex-guerrilheiros e membros da Liga da Juventude e da Liga Feminina da Renamo. Ao todo, 72 pessoas foram libertadas, sendo 57 ex-combatentes, segundo fontes ligadas ao grupo. Todos estavam detidos na 18ª Esquadra da PRM, em Maputo.
A libertação ocorreu nesta quinta-feira e é vista por muitos como resultado da pressão pública, incluindo uma conferência de imprensa convocada pela Liga da Juventude da Renamo, que classificou as detenções como arbitrárias e exigiu a libertação imediata dos seus membros.
Embora em liberdade, os detidos ainda enfrentarão a Justiça: estão convocados a comparecer ao tribunal já nesta sexta-feira, 30 de maio. Tentativas da imprensa de obter esclarecimentos do porta-voz do Comando-Geral da PRM, Leonel Muchina, não tiveram sucesso até o momento.
O episódio reacende o debate sobre o tratamento dos desmobilizados e a gestão do processo de DDR (Desarmamento, Desmobilização e Reintegração), que continua a gerar tensões políticas e sociais no país.
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Política