Num ambiente de inflação controlada e com riscos domésticos ainda elevados, o Banco de Moçambique decidiu reduzir a taxa de juro de política monetária (taxa MIMO) de 11,75% para 11,00%. A medida, anunciada pelo Comité de Política Monetária (CPMO), reflete a consolidação das expectativas de inflação em níveis de um dígito no médio prazo, impulsionadas pela tendência de queda nos preços internacionais e pela relativa estabilidade do Metical.
Segundo o banco central, em abril de 2025 a inflação anual desacelerou para 4,0%, após ter sido de 4,8% em março. A inflação subjacente – que exclui produtos voláteis como frutas, vegetais e bens com preços administrados – também apresentou queda. O CPMO destaca que esta trajetória descendente da inflação está sustentada, entre outros fatores, pela eficácia das medidas de política monetária implementadas nos últimos meses.
Ainda assim, o cenário doméstico continua marcado por incertezas. A instituição aponta riscos como a deterioração da situação fiscal, dificuldades na mobilização de recursos para o Orçamento do Estado, lentidão na recuperação da capacidade produtiva e os impactos de choques climáticos. Estes fatores podem, a médio prazo, pressionar a inflação para cima.
Outro ponto relevante do comunicado diz respeito à dívida pública interna, que atingiu 445,9 mil milhões de Meticais. Isso representa um acréscimo de 30,3 mil milhões em comparação com dezembro de 2024. O aumento levanta preocupações sobre o nível de exposição do sistema bancário ao endividamento público, apesar de o Banco de Moçambique considerar que o risco sistémico permanece moderado.
O sector bancário, por sua vez, continua a demonstrar resiliência. Em março de 2025, o rácio de solvabilidade situava-se em 26,5%, acima do mínimo exigido de 25,0%. Testes de esforço de solvência indicam que os bancos moçambicanos têm reservas de capital suficientes para resistir a choques e manter a estabilidade no médio prazo.
A Prime Rate e outras taxas de juro do mercado também seguem em trajetória de queda, acompanhando o movimento da taxa MIMO, o que pode representar algum alívio para o acesso ao crédito por parte das famílias e empresas.
O CPMO, composto pelo Governador, Vice-Governador e Administradores do Banco de Moçambique, reafirmou que continuará com a normalização gradual da taxa MIMO, de acordo com a evolução da inflação e os riscos identificados no horizonte de médio prazo. As reuniões deste comité ocorrem a cada dois meses, sendo cruciais para a definição da política monetária do país.
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Economia e Negócios