Ministro da Agricultura Diz "Desconhecer" Projeto SUSTENTA: Descoordenação ou sabotagem interna na FRELIMO?

Por Jornal Creator 



Maputo
— Em mais um episódio que expõe tensões e aparentes clivagens internas no seio do partido FRELIMO, o Ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Albino, surpreendeu o país ao afirmar, diante da imprensa, que desconhece o “Projecto Sustenta” — uma das principais bandeiras do Governo para o desenvolvimento rural e agrícola em Moçambique.

“Só posso falar dos projectos que estou desenhando”, disse o ministro na última sexta-feira, afastando-se publicamente de uma das iniciativas mais divulgadas pelo próprio Executivo. A resposta direta e sem rodeios deixou jornalistas e analistas políticos perplexos, não apenas pelo seu conteúdo, mas pelo que ela revela: um aparente colapso na comunicação interna do Governo e, possivelmente, uma disputa de poder encoberta entre figuras-chave do Estado.

O Projecto Sustenta tem sido promovido como solução estruturante para os desafios do campo moçambicano — um sector que carrega o peso da insegurança alimentar, das mudanças climáticas e da dependência externa. O desconhecimento declarado do titular da pasta responsável por sua implementação lança um véu de incerteza sobre a seriedade e consistência das políticas públicas no país.

Mais do que uma gafe, a declaração do ministro Albino pode ser sintomática de uma desarticulação crónica entre os diferentes segmentos do Executivo. Observadores políticos apontam para possíveis disputas internas, onde diferentes alas da FRELIMO competem por protagonismo, mesmo à custa da eficácia governativa. Numa altura em que o país carece de coesão institucional, este tipo de episódio enfraquece ainda mais a confiança pública no Governo e nos seus compromissos com o desenvolvimento sustentável.

O silêncio de outras figuras do Executivo até o momento apenas adensa o mistério. Estaria o ministro a ser marginalizado dentro da sua própria pasta? O “desconhecimento” é real ou uma forma velada de rejeitar políticas com as quais não concorda? Seja qual for a resposta, o episódio deixa clara uma coisa: nem todos, dentro da FRELIMO, falam a mesma língua — e talvez nem compartilhem os mesmos interesses.




Num país onde a agricultura representa a espinha dorsal da economia, a ausência de coordenação ao mais alto nível é mais do que preocupante: é um risco directo ao futuro de milhões de moçambicanos.




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