Por Jornal Creator
Nampula, Moçambique – No coração da cidade de Nampula, um jovem universitário está mudando o destino de dezenas de meninos de rua com uma simples, mas poderosa ferramenta: a educação. Alimo Uirissone, estudante universitário e ativista social, é o mentor do projeto “Aprenda”, uma iniciativa que nasceu em 2022 com o objetivo de reintegrar socialmente crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, proporcionando-lhes alfabetização, capacitação e, acima de tudo, esperança.
A inspiração para a criação do projeto veio após Alimo participar do programa de liderança norte-americano SUSI (Study of the U.S. Institutes), onde ampliou sua visão sobre o papel do cidadão no desenvolvimento da comunidade. De volta à sua cidade, começou a dar aulas no passeio central da avenida 25 de Setembro, em plena via pública. Sem infraestrutura formal, contava apenas com sua força de vontade, alguns livros e a sede de aprender dos meninos.
O projeto começou com aulas de leitura, escrita e matemática básica, mas rapidamente ganhou força. Com o apoio de amigos e doações informais, Alimo passou a fornecer alimentação, roupas e, mais recentemente, acesso a formações técnico-profissionais. Um dos exemplos de sucesso é Faizal Saide, jovem com deficiência física que, após participar das aulas, se formou como técnico de eletricidade.
Apesar dos progressos, o projeto ainda enfrenta grandes desafios financeiros. Alimo lançou uma campanha de angariação de fundos com a meta de arrecadar 7.500 dólares para expandir as ações, incluindo a emissão de documentos para os jovens e suas famílias, formação em empreendedorismo e capital inicial para pequenos negócios. Até agora, a campanha arrecadou cerca de 500 dólares, valor ainda distante do objetivo, mas a esperança permanece viva.
“Eu acredito que se dermos educação e oportunidade a esses meninos, estaremos a construir uma sociedade mais justa e com menos criminalidade”, afirma Alimo.
A história do projeto “Aprenda” é um exemplo de como uma única pessoa, com visão e determinação, pode transformar realidades. Enquanto o governo e instituições maiores ainda demoram a agir, a solidariedade e o compromisso de um jovem mostram que é possível mudar o mundo — uma criança de cada vez.
Fonte DW