Preso “Tuta”: O narcotraficante chefão do PCC que trabalhou como adido comercial no Consulado de Moçambique em Belo Horizonte-Brasil

Por Jornal Creator 



Ex-adido comercial e chefe do PCC: os bastidores da prisão de “Tuta” na Bolívia

A prisão de Marcos Roberto de Almeida, conhecido como “Tuta”, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, revelou mais um capítulo impressionante da complexa teia que envolve o crime organizado transnacional. Apontado como uma das principais lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC), Tuta operava em sigilo absoluto, longe dos holofotes e das penitenciárias, mantendo influência sobre uma das maiores organizações criminosas da América Latina — e, surpreendentemente, com um passado diplomático.

Do corpo diplomático ao submundo

Entre 2018 e 2019, Tuta atuou como adido comercial no Consulado de Moçambique em Belo Horizonte, Minas Gerais. A nomeação, que passou quase despercebida na época, hoje levanta questões sobre como um dos criminosos mais procurados do país conseguiu ocupar um cargo diplomático. Fontes da Polícia Federal confirmam que a atuação como adido comercial lhe deu certo grau de proteção e mobilidade, fatores que podem ter sido decisivos para a expansão de suas atividades criminosas no exterior.


Prisão cinematográfica

Foragido desde 2021 e alvo de um mandado de prisão por crimes como tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro, Tuta estava na Lista Vermelha da Interpol. A prisão ocorreu na última sexta-feira (16/5), quando ele tentou renovar seu registro de estrangeiro na Bolívia utilizando documentos brasileiros falsificados. Embora o documento boliviano fosse autêntico, os dados fornecidos eram forjados, o que acabou chamando a atenção das autoridades locais.

A ação foi articulada pela Polícia Federal brasileira em conjunto com a Força Especial de Luta Contra o Crime boliviana. Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, equipes e aeronaves já estão de prontidão para trazer o criminoso de volta ao Brasil, dependendo apenas da decisão do governo boliviano quanto à extradição ou expulsão imediata.

Desinformação como estratégia

Em 2021, circulou a notícia de que Tuta teria sido executado pelo “tribunal do crime” do próprio PCC, acusado de ordenar uma morte sem o aval da cúpula. O Ministério Público de São Paulo chegou a confirmar o suposto assassinato, mas o corpo nunca foi localizado. Investigações posteriores revelaram que a informação foi uma farsa arquitetada pelo próprio PCC para despistar as autoridades e garantir a movimentação discreta de um de seus principais líderes.

Destino incerto

Neste domingo (18/5), Tuta deve passar por uma audiência de custódia na Bolívia, onde as autoridades locais decidirão seu destino. A expectativa, segundo Andrei Rodrigues, é que ocorra a expulsão imediata, mas também há a possibilidade de um processo formal de extradição.

Independentemente do caminho adotado, uma coisa é certa: ao retornar ao Brasil, Tuta será transferido para uma penitenciária federal de segurança máxima. A PF, no entanto, ainda não revelou qual unidade receberá o criminoso.

A prisão de Tuta escancara a sofisticação e a capacidade de infiltração do PCC em esferas pouco associadas ao crime comum. O caso reacende o alerta sobre como o tráfico de drogas se articula de forma global — e como os tentáculos do crime organizado alcançam até mesmo as estruturas diplomáticas.


Fonte: Integrity, Rede Record Brasil 


Postagem Anterior Próxima Postagem