Por Jornal Creator | Dirce Salvador
Maputo – A saúde é um direito, não um favor. Esta foi, em suma, a mensagem contundente do Ministro da Saúde, Ussene Isse, durante o lançamento da Semana da Saúde e Bem-Estar, realizada esta segunda-feira em Maputo. Diante de uma plateia composta por médicos, enfermeiros, líderes comunitários e religiosos, o ministro foi direto ao ponto: a arrogância no atendimento hospitalar não será mais tolerada.
Com um discurso firme e carregado de experiência vivida nos corredores dos hospitais, Ussene Isse reconheceu que parte dos problemas do sistema de saúde está dentro das próprias unidades sanitárias, onde, segundo ele, falta empatia, humanismo e respeito no atendimento aos pacientes.
“As pessoas não vão ao hospital para serem maltratadas. Vão à procura de esperança. E, quando chegam lá, muitas vezes encontram arrogância. Isso tem que acabar”, disparou o ministro.
Isse referiu-se a episódios recorrentes em que profissionais ignoram pacientes, atendem de forma desinteressada, permanecem ao telefone durante as consultas ou sequer trocam palavras com os doentes.
“Eu vivi isso. Eu venho do hospital. Trabalhei lá, dia e noite. Sei exatamente onde estamos a falhar. E não vou perdoar comportamentos que envergonham a nossa classe. Não vamos permitir que o povo sofra por causa de más atitudes de poucos”, afirmou, em tom de promessa.
O governante pediu vigilância interna nas unidades hospitalares, apelando à colaboração entre colegas para desencorajar condutas reprováveis.
“Não é só o ministro que tem que agir. Cada um de vocês deve vigiar, orientar, e corrigir o seu colega. Não vamos permitir que a arrogância tome conta das nossas unidades.”
Ussene Isse foi além e lembrou que o povo moçambicano não exige luxo, apenas dignidade no serviço de saúde.
“O pobre só tem o hospital público. E o que ele pede não é muito: uma cama, uma manta, comida, medicamentos. Só isso. Quer ser tratado com humanidade. Nós temos a obrigação de garantir isso.”
A Semana da Saúde e Bem-Estar faz parte das celebrações dos 50 anos da independência nacional e visa promover reflexão, diálogo e mobilização em torno de um sistema de saúde mais justo e eficaz.
Com uma promessa de “mão dura” contra comportamentos abusivos e desumanos, o Ministro da Saúde parece ter lançado, não apenas uma campanha, mas um verdadeiro ponto de virada para a saúde pública em Moçambique.