Crise no PODEMOS: “Alberto Ferreira está a lutar pela fome”, dispara Albino Forquilha

Por Jornal Creator


Providência cautelar, acusações duras e retirada da candidatura marcam momento crítico no principal partido da oposição moçambicana
A temperatura política subiu dentro do PODEMOS, maior força da oposição em Moçambique, após uma troca de acusações que expôs fissuras profundas no seio da liderança do partido. No centro da polémica está Alberto Ferreira, que liderou a votação interna para o cargo de Secretário-Geral, mas viu sua vitória ser colocada em causa — e sua candidatura retirada, após fortes tensões com a direcção.

Ferreira conquistou 37% dos votos nas eleições internas realizadas no passado dia 25 de Maio. Contudo, a comissão eleitoral do partido recusou validar o resultado, alegando que a ausência de maioria absoluta inviabiliza a proclamação do vencedor. A direcção anunciou, prontamente, a realização de uma segunda volta do escrutínio.
A resposta de Ferreira foi imediata e judicial: no dia 31 de Maio, submeteu uma providência cautelar ao Tribunal Judicial do Distrito Municipal Kamavota, pedindo a suspensão da nova votação. No documento, datado de 30 de Maio, o candidato argumenta que a decisão da direcção carece de base estatutária.
"Salvo nos casos expressamente previstos, as deliberações dos órgãos centrais do Partido são tomadas por maioria simples dos votos”, cita Ferreira, em defesa da legitimidade da sua vitória.

Mas a tensão escalou ainda mais com as declarações de um alto dirigente do PODEMOS, identificado apenas como Forquilha, que não poupou críticas ao ex-candidato:

“Alberto Ferreira está a lutar pela fome. Isso não é serviço ao partido, é ambição pessoal.”

A afirmação caiu como uma bomba dentro das estruturas do PODEMOS, gerando reações diversas entre militantes e observadores políticos.
Apesar do impasse judicial, a direcção manteve a data da segunda volta para dentro de três semanas — mas agora sem Alberto Ferreira, que anunciou oficialmente a sua desistência da corrida.
“Todas as decisões tomadas devem ser respeitadas por todos os membros”, declarou um dirigente da liderança nacional, reforçando a autoridade da direcção.
A crise expõe uma fratura sensível num momento estratégico para o partido, que se prepara para novos ciclos eleitorais internos e externos. A retirada de Ferreira da corrida e a judicialização do processo abrem uma brecha de instabilidade num partido que, até recentemente, era apontado como coeso e em ascensão.
Analistas políticos sugerem que a forma como o PODEMOS irá gerir esta crise poderá definir a sua credibilidade junto ao eleitorado. Já se fala em possíveis alianças alternativas e realinhamentos internos, enquanto cresce o risco de desmobilização de bases.

A segunda volta da eleição interna deverá ocorrer, mas o episódio já deixa marcas — tanto nas estruturas partidárias como na opinião pública.




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