Dívidas Ocultas: Gregório Leão, Carlos do Rosário e Bruno Langa libertos – Língamo esvazia-se

De acordo com a página Justiça Nacional o presídio de Língamo está praticamente vazio de figuras ligadas ao maior escândalo financeiro da história recente de Moçambique. Na quinta-feira (ontem), foram libertados Gregório Leão, António Carlos do Rosário e Bruno Langa, todos condenados no megaprocesso das dívidas ocultas.

Gregório Leão, ex-diretor do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE), António Carlos do Rosário, então chefe da Inteligência Económica, e Bruno Langa, empresário e homem de confiança de Ndambi Guebuza, filho do ex-Presidente da República, cumpriam penas de 12 anos de prisão. Estavam detidos desde 2019, inicialmente em prisão preventiva, e acabaram por ser libertados antes do cumprimento total da pena.

A sua libertação levanta interrogações profundas sobre a consistência da justiça moçambicana e reacende a perceção de impunidade seletiva. Apesar das condenações formais, muitos continuam a considerar que os verdadeiros mentores do esquema de mais de dois mil milhões de dólares continuam livres e impunes.

O presídio de Língamo, que foi palco do julgamento mais mediatizado da história do país, parece agora um símbolo do que se chama de "justiça encenada" — que pune alguns operacionais mas protege a estrutura sistémica de corrupção que minou o Estado.

Além disso, não há informações públicas claras sobre os critérios para a libertação antecipada, nem se houve alguma forma de restituição dos valores desviados.

O silêncio das autoridades sobre o caso, somado à ausência de uma auditoria forense internacional independente e à morosidade dos processos paralelos, reforça a desconfiança pública.

Para muitos moçambicanos, a dívida continua a ser paga – com impostos, com pobreza, e com o futuro hipotecado – enquanto os rostos do escândalo voltam à liberdade.

Postagem Anterior Próxima Postagem