Com 32 chefes de Estado confirmados e mais de 40 mil pessoas esperadas, o Governo moçambicano aposta todas as fichas no Estádio da Machava para as celebrações centrais dos 50 anos da independência, previstas para o próximo 25 de Junho. Mas o palco histórico ainda está em obras e só deverá estar pronto 48 horas antes do evento.
A informação foi avançada esta sexta-feira (21) pelo porta-voz do Governo, Inocêncio Impissa, durante a conferência de imprensa habitual. “O que posso garantir é que foram convidados e temos uma confirmação de 32 chefes do Estado para esta cerimónia”, declarou. Também são esperadas delegações de ex-chefes de Estado e altas figuras internacionais.
As obras do Estádio da Machava, inaugurado em 1968 e palco da proclamação da independência por Samora Machel em 1975, estão atrasadas e acima do orçamento. A reabilitação está a ser coordenada pelos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), que administram o recinto. O engenheiro civil Samuel Muzime, assessor dos CFM, admitiu que os custos iniciais de 10 milhões de dólares já derraparam em pelo menos 50%.
“Numa obra de 50 anos, fomos encontrando surpresas. Já estamos desviados aqui, bem desviados”, lamentou Muzime.
Apesar disso, o Governo assegura que as portas do estádio abrirão ao público a partir das 05h00 do dia 25, e que todos os moçambicanos que quiserem assistir poderão fazê-lo, sem discriminação.
O que era para ser um momento de exaltação patriótica tornou-se também um teste logístico e político para o Executivo de Daniel Chapo. A realização das obras à pressa e o custo inflacionado geram dúvidas sobre a gestão dos recursos públicos, sobretudo numa altura em que o país enfrenta sérias dificuldades sociais e económicas.
Além disso, depois das celebrações, o Machava deverá ser submetido a novas fases de obras, com o objetivo de obter homologação da Confederação Africana de Futebol (CAF) e voltar a acolher jogos da seleção nacional de futebol, impedida de competir em solo moçambicano devido à interdição do Estádio do Zimpeto.
Para muitos, o evento é mais simbólico do que funcional. Um estádio que ficou 50 anos sem obras estruturais agora corre contra o tempo para um único dia, apenas para depois voltar a obras, o que levanta questões sérias sobre planeamento, transparência e prioridades nacionais.