O Partido Podemos mergulha num impasse jurídico que põe em xeque sua credibilidade e coesão interna. O Tribunal Judicial do Distrito Municipal KaMavota decidiu suspender qualquer tentativa de segunda volta nas eleições internas para o cargo de Secretário-Geral, após uma providência cautelar submetida por Alberto Ferreira — que alega já ter vencido no primeiro turno.
A decisão judicial, datada de 12 de Junho, é clara: o partido está proibido de realizar nova votação ou qualquer outro ato que questione a "eleição já consumada" até que a acção principal seja julgada. Com isso, o Podemos, partido que busca consolidar-se no cenário político moçambicano, vê-se agora exposto em plena praça pública por sua incapacidade de gerir um processo eleitoral básico.
A crise evidencia falhas profundas: se Alberto Ferreira, tido como o mais votado no escrutínio de 25 de Maio, não foi declarado vencedor imediato, que tipo de regras internas regem o Podemos? A alegada necessidade de 50% dos votos para a consagração levanta suspeitas sobre se o processo foi devidamente comunicado e acordado antes do pleito.
Mais ainda, o silêncio oficial do partido — que se recusa a comentar o caso — reforça a ideia de uma liderança enfraquecida, incapaz de arbitrar seus próprios conflitos sem a intervenção da justiça. Enquanto isso, a imagem pública do Podemos se desgasta, revelando contradições entre o discurso de renovação e a prática interna de disputas opacas.
O contraditório está agendado para o dia 19 de Junho, data que poderá definir os próximos passos deste embate que mancha a imagem do partido num momento crucial de sua afirmação no cenário nacional. Até lá, fica o retrato de uma organização jovem em rota de colisão consigo mesma — e com a democracia interna que tanto proclama defender.