Ruanda anuncia saída da CEEAC após crise com RDC: "instrumentalização inaceitável"

Por Jornal Creator 



Em um movimento que aprofunda ainda mais as tensões regionais na África Central, Ruanda anunciou neste sábado (7) sua saída oficial da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC). A decisão foi comunicada durante a 26ª Cúpula da organização, realizada em Malabo, e marca um novo capítulo na escalada diplomática entre Kigali e Kinshasa.

Em nota oficial, o governo ruandês lamentou o que classificou como “instrumentalização” da CEEAC por parte da República Democrática do Congo (RDC). Segundo Kigali, o direito de Ruanda à presidência rotativa da organização — prevista no artigo 6 do tratado da CEEAC — foi “deliberadamente ignorado” pelos demais Estados-membros, em uma manobra liderada por Kinshasa.

A presidência da CEEAC, que deveria ser transferida para Ruanda no próximo ano, acabou sendo atribuída novamente à Guiné Equatorial. A justificativa apresentada por representantes da RDC foi de que seu governo se recusaria a participar de uma cúpula sediada em território ruandês, dado o atual estado de hostilidade entre os dois países.

As relações entre Ruanda e RDC vêm se deteriorando há meses, principalmente em razão dos confrontos no leste do Congo, onde o grupo rebelde M23 — que conta com apoio de Kigali, segundo Kinshasa — tem protagonizado combates contra as forças armadas congolesas.

Com a saída de Ruanda, a CEEAC passa a contar com 10 Estados-membros: Angola, Burundi, Camarões, República Centro-Africana, Congo, Gabão, Guiné Equatorial, RDC, São Tomé e Príncipe e Chade.

A decisão de Kigali levanta preocupações sobre a coesão regional e o futuro da integração política e econômica na África Central, em um momento em que os conflitos armados e as disputas diplomáticas ameaçam a estabilidade do bloco.






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