O Presidente da República de Moçambique recebeu uma mensagem oficial de felicitações enviada por Donald Trump, ex-Presidente dos Estados Unidos da América, por ocasião do 50.º aniversário da Independência Nacional, que se assinala a 25 de Junho. O gesto diplomático, à primeira vista cerimonial, vem carregado de mensagens políticas e interesses geoestratégicos.
Na carta, Trump parabeniza o povo moçambicano, elogia a sua resiliência e destaca o enorme potencial do país, sobretudo pelos seus vastos recursos naturais — um reconhecimento que, embora pareça elogioso, revela também o olhar económico e estratégico com que potências como os EUA continuam a ver África: como uma reserva de matérias-primas e oportunidades de investimento.
“A população resiliente e os vastos recursos naturais do seu país oferecem muitas oportunidades para parcerias que promovam a segurança e a prosperidade dos Estados Unidos e de Moçambique”, escreveu Trump, sinalizando claramente que o interesse dos EUA vai além da diplomacia simbólica.
O comunicado da Presidência da República destaca ainda o reconhecimento de Trump aos investimentos norte-americanos em sectores como o gás natural, minerais críticos, agricultura e tecnologias de comunicação. Entretanto, a mensagem não menciona temas sensíveis como a instabilidade política interna, as alegações de corrupção ou as denúncias de repressão policial, fatores que têm afetado a imagem internacional do país.
Para observadores, o silêncio sobre estas questões revela uma abordagem pragmática típica das grandes potências: manter relações com regimes frágeis desde que isso sirva aos seus interesses económicos. A celebração dos 50 anos de independência, nesse contexto, corre o risco de ser ofuscada por alianças que pouco se preocupam com os direitos humanos ou com o fortalecimento da democracia.
No fim da mensagem, Trump afirma: “Estamos ansiosos para trabalhar com Moçambique na busca de objectivos mútuos.” Resta saber se tais objetivos são, de fato, mútuos, ou se os moçambicanos continuarão apenas a assistir à extracção de suas riquezas sem retorno proporcional em desenvolvimento, transparência e soberania real.