Governo acelera medidas para travar bloqueio total de cartões no exterior


A possibilidade de um bloqueio total dos cartões bancários moçambicanos no estrangeiro levou o Governo a reforçar medidas de controlo financeiro, numa tentativa de evitar que o país escorregue para a “lista negra” das instituições financeiras internacionais.

A informação foi avançada nesta quarta-feira (16) pela ministra da Economia e Finanças, Carla Loveira, que reagia às crescentes queixas de cidadãos e empresários sobre a restrição de uso de cartões de débito e crédito no exterior do país.

“Trata-se de casos pontuais, situações particulares que os próprios bancos comerciais devem explicar. Não têm ligação com a questão de Moçambique estar ou não na lista cinzenta do GAFI (Grupo de Ação Financeira Internacional)”, assegurou a governante.

Apesar da tentativa de tranquilizar a opinião pública, Carla Loveira reconheceu que os sinais emitidos por bancos internacionais são sérios e que o país precisa agir rapidamente para evitar um isolamento financeiro ainda maior, o que teria consequências drásticas no comércio, turismo, investimentos e mobilidade internacional.

“O Governo está a trabalhar numa série de medidas para reforçar a transparência financeira, a conformidade regulatória e o combate ao financiamento do terrorismo e branqueamento de capitais, de forma a impedir que Moçambique entre para a chamada 'lista negra'”, explicou.

Nos bastidores, fontes do setor bancário admitem que as restrições recentes são resultado de pressões externas, ligadas ao fraco controlo sobre fluxos financeiros suspeitos, e ao risco de compliance que algumas instituições associam ao sistema financeiro moçambicano.

Se Moçambique cair na lista negra, isso significaria o bloqueio automático de cartões no exterior, encerramento de contas offshore, suspensão de remessas e até cortes em linhas de crédito internacionais — um cenário que o Executivo quer a todo custo evitar.

A tensão entre a necessidade de garantir estabilidade monetária e o imperativo de proteger a imagem internacional do país deixa claro que o sistema financeiro moçambicano vive um momento crítico, exigindo ações firmes e coordenadas.



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