O Presidente da República, Daniel Chapo, respondeu de forma direta às recentes declarações do opositor Venâncio Mondlane (VM7), que acusou o chefe de Estado de não cumprir os entendimentos alcançados para a pacificação do país após o tenso processo eleitoral de 2024. A resposta veio esta semana, a partir de Sevilha, Espanha, onde Chapo participa da IV Conferência da ONU sobre Financiamento para o Desenvolvimento.
Segundo Chapo, os termos do acordo de pacificação estão a ser cumpridos “rigorosamente” pelos signatários — os partidos políticos legalmente constituídos. “Quem assinou o acordo, diz que o acordo está a ser cumprido. Nunca ouvimos nenhuma reclamação dos signatários do acordo”, declarou.
O Presidente foi ainda mais incisivo ao afirmar que Venâncio Mondlane não tem legitimidade para reclamar sobre o cumprimento do acordo. “Não houve assinatura do acordo com Venâncio Mondlane. E não sei de que acordo está a falar. Venâncio Mondlane não tem partido, ainda, pode vir a ter no futuro”, afirmou Chapo, distanciando-se das alegações feitas por VM7.
Do outro lado, Venâncio sustenta que houve de facto um entendimento entre ele e o Presidente, e que esse acordo — ainda que informal — está a ser desrespeitado. “Depois de sairmos daquela mesa, o chefe de Estado tem uma postura contraditória com os consensos que lá alcançamos”, disse. Entre os pontos acordados, segundo VM7, estava a libertação dos jovens detidos nas manifestações pós-eleitorais, algo que, até hoje, não aconteceu.
A divergência de versões reacende o debate sobre transparência, inclusão e real compromisso com a reconciliação política. Enquanto Chapo reforça que o diálogo é com partidos formalmente constituídos, VM7 insiste que o país precisa de uma pacificação que inclua também os movimentos e figuras políticas sem representação formal, mas com influência real junto à juventude e à sociedade civil.