Uma onda de indignação abalou o Instituto Superior Politécnico de Songo, no distrito de Cahora Bassa, província de Tete, após um grupo de docentes reprovar em massa estudantes do primeiro ano dos cursos de engenharia termotécnica, elétrica e hidráulica. Segundo os dados divulgados, 27 estudantes que fizeram exames no final do segundo semestre do ano passado foram reprovados em simultâneo, o que causou preocupação nos círculos estudantis e académicos.
O director-geral da instituição, Eng. Francisco Vieira, confirmou o facto, afirmando que não se trata apenas de uma turma isolada. Ele revelou que, devido à gravidade e repercussão do caso, já está em curso um inquérito interno. "Não é apenas uma turma como está a ocorrer nas redes sociais, o problema é maior do que se pode imaginar, dado que não é possível perceber que todas as pautas estejam vermelhas, num nível de reprovação elevado", declarou.
Vieira destacou que a direcção ainda não foi formalmente notificada sobre os critérios adoptados na avaliação, nem sobre os fundamentos académicos que justificariam um número tão elevado de reprovações. "Fiquei surpreendido quando vi as pautas todas vermelhas, porque um ou outro aluno é que passa. É uma situação complicada, porque não se explica que todos os alunos reprovem. Se bem que é assim, então os docentes é que têm problemas, visto que não faz sentido que todos os estudantes de uma turma não tenham assimilado as matérias transmitidas", questionou.
De forma a esclarecer a situação, o Instituto solicitou a colaboração da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), que enviará uma equipa externa para realizar uma auditoria aos enunciados, exames e métodos usados na avaliação.
Francisco Vieira reconhece que as causas da reprovação podem ser múltiplas, incluindo falhas metodológicas por parte dos docentes ou insuficiências no processo de ensino. Ressaltou ainda que o verdadeiro desafio não é apenas saber, mas saber transmitir. "Uma coisa é ter os conhecimentos e outra é saber transmiti-los", disse.
O escândalo levou a direcção do Instituto a suspender as férias dos professores implicados, até que o inquérito traga respostas conclusivas. Vieira garantiu que os resultados do inquérito, agora na sua fase preliminar, serão tornados públicos assim que possível, de modo a restaurar a confiança da comunidade académica.
“Estamos a trabalhar para que os nossos estudantes não percam o semestre por causa de um ensino que possivelmente não está a ser conduzido como deveria”, afirmou o director.